Tuesday, August 26, 2008
Salmo 40
8 Então eu digo: "Aqui estou" - como está escrito no livro - "para fazer a tua vontade".
Santo Agostinho - Alma
[Extraído na íntegra de:
http://espaco-de-paz.awardspace.com/sta_poder_da_alma.html]
[English version at: Saint Augustine - On Magnitude of the Soul]
Santo Agostinho - O poder da alma sobre o corpo, nela mesma, e nos sete graus de sua magnitude (retirado do livro "Sobre a Potencialidade da Alma")
Quem dera podermos perguntar essas coisas a um sujeito muito sábio, e que também fosse eloquente, e homem perfeito na virtude. Imagino o que ele poderia nos ensinar, explicando sobre o poder da alma no corpo, em si mesma e diante de Deus, de quem ela, enquanto se mantém na virtude, está muito próxima, e nele tem todo o bem e o sumo bem.
Mas, faltando alguém aqui que nos ensine, atrevo-me a não decepcionar a sua vontade de saber, e isso é de algum modo um exemplo do que pode a alma, quando eu experimento assim até onde posso saber.
Inicialmente, limite a sua expectativa, nem suponha que vou falar tudo sobre a alma (ou que inclua os princípios vitais vegetativo e sensitivo) mas falarei somente da alma humana racional, a única digna de referência, se é que nos preocupamos connosco mesmos.
Primeiro grau
A alma, como podemos ver em todos os seres humanos, vivifica com sua presença este corpo terreno e mortal, ela unifica-o, e o mantém organizado como corpo vivo, e não permite que se dissolva nos elementos de sua composição orgânica. Faz com que os alimentos sejam igualmente distribuídos na conservação de todo o organismo, conserva a harmonia e proporção dos membros, não só em sua aparência, como no crescimento e reprodução.
Mas estas coisas podem ser entendidas como comuns aos homens e às plantas (= vida vegetativa), pois vemos e sabemos que a espécies vegetativas conservam as suas estruturas, também se alimentam, e reproduzem segundo a sua espécie.
Segundo grau
Suba mais um pouco e contemple o poder da alma em relação à vida sensível, onde o viver é manifesto de modo mais evidente. E não devemos dar atenção a não sei que tipo de impiedade, inteiramente bruta, e mais de madeira que as plantas, cujos defensores dizem que a videira sofre quando se colhem uvas, ou que planta sente o corte dos ramos, inclusive escuta e vê. Não é hora de falar de tal erro sacrílego.
Como eu tinha proposto, observaremos o poder da alma humana sobre os sentidos corporais e sobre o movimento do corpo, naquilo que este corpo é animado, e sob tais aspectos nada temos a ver com as espécies que fixam raízes no solo.
Concentra-se a alma no tacto, e por meio dele sente e identifica o quente e frio, o áspero e o suave, o duro e o macio, o leve e o pesado. E saboreando, cheirando, ouvido e vendo, distingue inúmeras diferenças de gostos, cheiros, sons e formas. Apetece ali o que lhe agrada à natureza corporal, repelindo o que desagrada. Por algum tempo se retira dos sentidos, recuperando as forças no descanso, onde deixa correr livremente a imagem das coisas obtidas pelos sentidos, e o faz no sono e nos sonhos. Através do exercício, movimenta-se prazerosamente, compondo a harmonia dos membros. Enquanto possível, procura a união dos sexos, e da natureza de dois faz uma só, no amor e na sociabilidade. Não só gera filhos, como os abriga, protege e alimenta. Acostuma-se ao meio ambiente, e às coisas que lhe sustentam o corpo, das quais dificilmente se quer afastar, como se fossem uma parte sua. E à força do costume, que nem a separação das coisas impede, chama-se memória (sensível).
Ainda assim, ninguém pode negar que os irracionais também fazem todas estas coisas sensíveis (vida sensitiva).
Terceiro grau
Suba mais um grau, e chegue ao terceiro, este próprio do homem. Pense na lembrança de coisas inumeráveis, não decorrentes apenas do costume, ou dos hábitos repetidos, mas da intenção aplicada nas coisas intencionalmente pretendidas, e na conservação de tantas coisas obtidas. São muitas variedades de artes e técnicas, no cultivo dos campos, na construção de cidades, e realizações de todos os tipos de grandezas produzidas. Invenção de tantos signos representativos, na escrita, nos gestos e na palavra proferida. Em todos os sons criativos, como na pintura e na escultura, na variedade de idiomas, nas instituições sociais, em tanta coisa nova surgida sempre, como na recuperação de outras. Na variedade de livros, e em todos os monumentos erguidos e entregues ao cuidado das gerações futuras. Na variedade de ocupações, nos poderes constituídos, nas honras e dignidades, seja na família como na sociedade. Nas cerimónias profanas e sagradas, na paz e na guerra, e tudo produzido pela humana potência de raciocínio e imaginação. Pense na caudalosa produção oratória, na arte poética, e muitas outras criações destinadas à diversão, aos desportos, à prática musical, a precisão da arte de calcular, e as conjecturas do futuro a partir das realizações do presente.
Grandes são estas coisas próprias somente do ser humano. Ainda assim, serão comuns aos estudiosos e aos ignorantes, aos bons e aos maus.
Quarto grau
Passe ao quarto grau, onde começa a bondade e o louvor verdadeiro. Aqui a alma ousa sobrepor-se não somente ao corpo — que é parte integrante do universo — mas ao mesmo universo. Não considera coisas suas os bens deste mundo, aprende a estimar sua potência e beleza acima destes bens, pois distingue os valores, e menospreza os bens apenas terrenos. Quanto mais aproveita o uso destes bens, tanto mais deles se afasta, libertando-se de toda a imperfeição, fazendo-se mais pura e mais perfeita, fortificando-se contra tudo o que pode afastá-la do seu propósito e decisão. Aprecia o convívio social, não deseja a outrem o que não quer para si mesma, obedece à legítima autoridade e aos preceitos dos mais sábios, reconhecendo que Deus fala por meio deles.
Nesta nobre actividade da alma existe ainda muito esforço e muita luta contra os empecilhos e seduções do mundo. No mesmo esforço pela sua purificação, existe ainda um certo medo da morte, pequeno às vezes, e muito grande em certos casos. Mas deve crer seguramente que todas as coisas estão sob a guarda e providência justa de Deus, e não há morte acontecida sem justiça, mesmo quando causada pela maldade humana (e somente às almas inteiramente purificadas é dado ver como isso é verdadeiro). Mas se teme a morte a este ponto, já estando no quarto grau, ou será por ter uma fé ainda fraca na providência justa, ou por menor tranquilidade interior — necessária para entender o que parece difícil — ou porque a tranquilidade é perturbada pelo medo.
Progredindo neste grau, ela conhece sempre mais a diferença entre a alma purificada e a pecadora, e tanto mais receia que, deixando esse corpo, menos a possa Deus suportar machada, que ela a si mesma nesse estado. E não há nada mais difícil que temer a morte e afastar as ciladas do mundo, como exigem as situações perigosas decorrentes.
Mas é tão grande a alma, que pode fazer tudo isso com a protecção de Deus sumo e verdadeiro, cuja justiça conserva e governa o universo. E tal justiça conservadora faz com que as coisas não somente existam, mas existam numa forma que não pode ter outra melhor.
Encomenda-se a Deus, piedosa e confiante, para que Ele ajude seu aperfeiçoamento, no difícil trabalho da purificação.
Quinto grau
Uma vez chegada ali, isto é, estando a alma livre de toda imperfeição, e purificada de seus pecados, alegra-se finalmente nela mesma, nada mais teme, nem se intranquiliza por coisa alguma, a menor que seja, nos assuntos interiores.
Este é o quinto grau. Uma coisa é procurar a pureza de coração, outra coisa é já ter atingido esse estado. Coisa distinta é a acção com que ela mesma se purifica do mal, outra coisa é não consentir mais no pecado.
Nesse estado ela pode entender plenamente sua grandeza, e, estando convencida, tender realmente para Deus, com imensa e inaudível confiança, ou seja, tender à contemplação mesma da verdade, e ao altíssimo e secretíssimo prémio pelo qual se esforçou tanto.
Sexto grau
Mas a tendência a compreender aquilo que realmente é a alma, e o é de modo mais sublime, vem a ser também a mais alta expressão da alma, e nada existe mais perfeito, melhor e mais correcto. Este é o sexto grau de sua actividade. Uma coisa é purificar o olhar da mente, para não olhar inútil e temerariamente, na visão errada. Outra coisa é conservar e reafirmar a sua integridade moral. E outra ainda é dirigir o olhar da mente de modo sereno e adequado ao que deve ser visto.
Os que tentam fazer isso sem antes estarem purificados e íntegros são ofuscados pela mesma luz da verdade, a ponto de desacreditarem em algo de bom, e na mesma verdade. E censurando a medicina da purificação, refugiam-se em alguma paixão ou prazer miserável, nas trevas que esta enfermidade os obriga. E por isso diz o profeta muito acertadamente e por divina inspiração: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em minhas entranhas o espírito de rectidão” (Sb 50,12).
Entendo que espírito de rectidão é o que impede a alma de se desviar e falsear na procura da verdade. E ele não se renova se ela antes não tiver a pureza, ou seja, se o pensamento não se afasta antes de toda paixão, purificando-se do ranço das coisas mortais.
Sétimo grau
Certamente é a mesma visão e contemplação da verdade o que constitui o sétimo grau, o mais elevado grau da alma, e já não é um grau, é certa mansão ou morada onde se chega através dos graus.
E nem sei com que palavras dizer das alegrias do bem supremo e verdadeiro, ou que inspiração terá a alma em sua serena eternidade. Grandes almas e de insuperável santidade falaram nisso, quando julgaram oportuno. Cremos que também viram tudo isso, e continuam vendo eternamente.
Ouso dizer isso de modo claro. E se nos conservamos no rumo que Deus manda seguir, e ali mantivermos a constância, chegaremos pelo poder divino à Sabedoria de Deus, Virtude de Deus, suprema causa e supremo autor, princípio supremo de todas as coisas, seja como for o modo que usamos para falar de algo tão elevado.
Entenderemos então como são verdadeiras as coisas nas quais nos mandaram crer, e como a Igreja nos alimentou saudavelmente como nossa mãe, e qual o proveito do leite da doutrina que São Paulo diz ser dado aos pequenos (1Cor 3,2). Quando alguém ainda precisa do leite materno, é útil receber tal alimento. Seria vergonhoso depois de crescido. Desprezá-lo quando se precisa dele é lamentável. Criticar o alimento ou detestá-lo, é criminoso e ímpio. Porém, conservar e distribuir convenientemente o alimento, é louvável prova de amor.
Veremos também que a natureza corpórea sofre mudanças e dificuldades, obedecendo neste mundo à lei divina, mas cremos na ressurreição da carne, na qual alguns acreditam muito pouco, e outros negam, mas a temos como absolutamente certa, mais que a certeza de que o sol do ocaso nascerá novamente no outro dia.
Mas existem os que ousam fazer troça da humanidade de Cristo, assumida pelo poderoso, eterno e incomutável Filho de Deus. E a estes desprezamos, como a crianças que, vendo um artista que reproduz imagens gravadas, imaginam que só podemos pintar uma figura humana copiando de uma outra.
É tão grande a alegria de contemplar a verdade, seja sob que aspecto a contemplemos, é tamanha a perfeição, a fé inabalável nas coisas verdadeiras, que ninguém suporá ter sabido realmente alguma coisa ante, ao supor saber algo, sem ter contemplado a verdade ela mesma.
E para que a alma não seja impedida de se unir completamente à verdade, desejaria então — como recompensa suprema — a morte que antes temia, ou seja, desligar-se totalmente deste corpo.
(C) 2006/07, _um espaço de paz na web. Todos os direitos reservados.
Post Original:
Santo Agostinho - Alma
Santo Agostinho - Tarde Vos amei!
Retinha-me longe de Vós aquilo que não existiria se não existisse Vós. Porém chamastes-me com uma voz tão forte que rompestes a minha surdez! Brilhastes, cintilastes e logo afugentastes a minha cegueira! Exalastes perfume: respirei-o, suspirando por Vós. Saboreei-Vos, e agora tenho fome e sede de Vós. Tocastes-me e ardi no desejo da vossa paz.
(Confissões de Santo Agostinho - Livro X - Cap. 27)
Post original:
Santo Agostinho - Tarde Vos amei!
Santo Agostinho - O peso do amor
O meu amor é o meu peso. Para qualquer parte que vá, é ele quem me leva. (...)
(Confissões de Santo Agostinho - Livro XIII - Cap. 09)
Post original:
Santo Agostinho - O peso do amor
1 Corintios
Monday, August 25, 2008
Sumus (*)
http://en.wiktionary.org/wiki/sumus
Latin Verbs: Esse (to Be)
I am: sum
I was: eram
I will be: erō
you are : es
you were: erās
you will be: eris
he / she / it is: est
he / she / it was : erat
he / she / it will be: erit
we are : sumus
we were: erāmus
we will be: erimus
you (pl.) are: estis
you (pl.) were: erātis
you (pl.) will be: eritis
they are: sunt
they were: erant
they will be: erunt
http://www.slu.edu/colleges/AS/languages/classical/latin/tchmat/grammar/vb/00200%20v-%20to%20be.pdf
Sunday, August 24, 2008
Biblia
[ver: Biblia Católica 2.0 que é freeware]
Piissimus (*)
http://www.archives.nd.edu/cgi-bin/wordz.pl?keyword=Piissimus
virtude que inspira devoção às coisas santas e atos de amor e compaixão
http://pt.wiktionary.org/wiki/piedade
Compaixão pelos sofrimentos alheios; pena, dó. Deuteronômio 19:21
www.academiadeteologo.com.br/index.php
# pius : pious, dutiful, compassionate, respectful, gracious.
# pius: dutiful, godly, holy, upright, kind, honest, affectionate.
http://arts.cuhk.edu.hk/Lexis/Latin/
having or showing or expressing reverence for a deity; "pious readings" wordnet.princeton.edu/perl/webwn
In spiritual terminology, piety is a virtue. While different people may understand its meaning differently, it is generally used to refer either to religious devotion or to spirituality, or often, a combination of both. A common element in most conceptions of piety is humility. en.wikipedia.org/wiki/Pious
Of or pertaining to piety, devout, exhibiting piety; Practiced under the pretext of religion; prompted by mistaken piety
http://en.wiktionary.org/wiki/pious
En terminología espiritual, la piedad es una virtud. Mientras que diversa gente puede entender su significado diferentemente, se utiliza generalmente para referirse a la dedicación religiosa o a la espiritualidad o a menudo, a una combinación de ambos. Un elemento común en la mayoría de las concepciones de la piedad es la humildad.
http://es.wikipedia.org/wiki/Piedad
Au départ personnification du sentiment que l'on doit porter aux dieux et aux autres hommes, la piété apparaît comme une vertu que l'on se doit de cultiver par rapport aux choses de la religion. http://fr.wikipedia.org/wiki/piete